domingo, 12 de dezembro de 2010

Rio quer minar QGs do tráfico em 2 anos

Apesar da perda do morro do Alemão, facções têm outros locais para distribuição de drogas, como a Mangueira

Objetivo do governo é atingir caixa de facções e desarticulá-las antes da Copa de 2014; seis favelas estão na mira


Ernesto Carriço/Agência O Dia

Vista aérea do Complexo do Alemão, área ocupada pelas forças policiais

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

A Secretaria de Segurança do Rio fala em ocupar os "quartéis-generais" do tráfico em dois anos. A meta é atingir o caixa das facções criminosas e desarticulá-las antes da Copa de 2014. Seis favelas estão na mira oficial.
Enfraquecido com a ocupação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de novembro, o Comando Vermelho ainda mantém outros importantes entrepostos de drogas e armas, como as favelas de Manguinhos, Jacarezinho e Mangueira, na zona norte.
A facção ADA (Amigos dos Amigos) também tem redutos em áreas sensíveis, como a Rocinha, zona sul, e o Complexo do São Carlos, centro.
Completa a lista o Complexo da Maré, conjunto de 22 favelas disputadas por três facções. Ela fica às margens da Linha Vermelha, único acesso ao aeroporto internacional Antônio Carlos Jobim.
A promessa de campanha do governador reeleito Sérgio Cabral Filho (PMDB) é acabar com o controle territorial do tráfico no Rio até 2014.
A secretaria avalia que o momento para ocupar as favelas mais lucrativas é na primeira metade do governo.
"Os anos de 2011 e 2012 serão definitivos da consolidação dessa política", diz o superintendente de Planejamento Operacional da pasta, Roberto Alzir, responsável pelo planejamento de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs.
Com a ocupação das seis favelas, as demais comunidades, para a secretaria, perderiam força e haveria mais facilidade para desarticular as quadrilhas locais.
A secretaria prevê instalar 40 UPPs até 2014. A dificuldade é a ampliação do efetivo da PM. São necessários 12.500 homens para concluir o plano. Dois mil estão lotados hoje nestas unidades.
Além de servirem como pontos de distribuição de maconha e cocaína para outras favelas, os "QGs" são destino de veículos e cargas roubadas, bem como esconderijo de quadrilhas de ladrões. No Alemão, foram encontrados carros roubados a mais de 150 km da cidade.
Para a polícia, a ação no Alemão desarticulou o CV, a mais violenta facção do Rio. Além de perder drogas e armas, acumulou dívidas por comprar entorpecentes em consignação e, agora, não ter mais o produto para vender.
Sua substituição como principal entreposto está indefinida em razão da fuga dispersa dos chefes. "Podemos ter o acréscimo de marginais nas favelas A ou B, mas nada que se compare com o que havia no Alemão. Resolvemos 60% dos problemas", diz Ronaldo Oliveira, diretor das delegacias especializadas da Polícia Civil.
Mas restam áreas dominadas pela ADA, que tem a Rocinha e o Complexo de São Carlos como seus redutos.
A primeira área, diz a polícia, tem atualmente a quadrilha mais bem estruturada, já que os pontos de venda de drogas na zona sul são os mais lucrativos por causa da clientela de classe média.
Só que ninguém tem mais, segundo o governo, o armamento que havia no Alemão e na Penha -foram apreendidos fuzis (147), metralhadoras (39), submetralhadoras (19) e pistolas (213).


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